quinta-feira, 28 de abril de 2011

Travessia

Os nossos dedos são cândidos
com brilhos impressos
e um tempo absorvido dos dois lados

Nos sinos, nos guizos, nas harpas
procuramos sem nenhuma restrição
o fogo e o gelo
a iluminação de um ramo dourado

Há um instante em que as nossas vozes
se fundem e destacam
reluzentes sobre a vida perpétua

Atravessamos a noite com uma vontade irreprimível de cantar


[José Tolentino Mendonça]