"Os nossos olhos tentadores insistem em querer provas. "Se não vir não acreditarei". Ontem como hoje o dilema é o mesmo, ver para crer. Depois vemos e voltamos a ver e não vemos nada porque o que se pode ver é pouco para crer e não cremos. Ver para não crer, assim se devia dizer. À custa de tanto ver não cremos já em nada, porque aquilo que há para crer não se vê e o que se vê não é para crer. As provas que os nossos olhos querem, exigindo, de todas as formas e nunca estão satisfeitos, são aquelas que não se vêem, mas tentam-nos a querer, também exigindo, ver para crer. Não cremos porque não vemos. Para crer é necessário ver sim, mas de dentro. O olhar que se lança de dentro para fora não vai dirigido ao exterior das coisas, da vida e do mundo. O olhar que lançamos de dentro de nós atinge toda a realidade no seu interior, no mais profundo, no para lá do que os olhos podem ver e, aí sim, crê. Crê no que vê sem ver e não vendo ainda, crê, porque sem ver sabe que não se engana. É esta a experiência da fé que nos faz ver para lá das ligaduras, do túmulo vazio, do corpo desaparecido. Ver para lá de todo o estímulo material e visível da realidade. Para este crer não fazem falta provas."
Manecas
sábado, 30 de abril de 2011
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Travessia
Os nossos dedos são cândidos
com brilhos impressos
e um tempo absorvido dos dois lados
Nos sinos, nos guizos, nas harpas
procuramos sem nenhuma restrição
o fogo e o gelo
a iluminação de um ramo dourado
Há um instante em que as nossas vozes
se fundem e destacam
reluzentes sobre a vida perpétua
Atravessamos a noite com uma vontade irreprimível de cantar
[José Tolentino Mendonça]
domingo, 24 de abril de 2011
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Caminho da Cruz
Porque a morte tem o seu tempo
A ruína soma ruína, à cabeça
Equilibra a existência desmoronada e inteira.
Tu és o que edifica
Tu constróis mil vezes.
Porque o raio tem o seu tempo.
És o clarão, a lâmpada, a estrela
Somas luz à luz.
Não és a luz, és mais que a luz
Porque a noite tem o seu tempo.
Daniel Faria
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Tocaste à minha porta
Quero ter parte contigo que me lavas o pés e me sentas à tua mesa. Quero ter parte contigo que caminhas a meu lado com a tua cruz de amor. Quero ter parte contigo na dor de cada passo. Quero ter parte contigo nas lágrima de sangue derramado em cada olhar. Quero ter parte contigo na vida dada de cada instante. Quero ter parte contigo no pão partido de cada entrega. Quero ter parte contigo...
Subscrever:
Mensagens (Atom)