domingo, 25 de dezembro de 2011
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Quando
“Quando eu ficar velha, vou me vestir de púrpura. Com um chapéu vermelho que não combina, e não me deixa bem. Quero gastar minha aposentadoria em conhaque, luvas de seda, sandálias de cetim, e depois dizer que não sobrou dinheiro para a manteiga. Quero sentar-me no chão quando estiver cansada, pegar amostras grátis nas lojas, apertar os botões de alarme, raspar minha bengala nos gradis das ruas. Para compensar a sobriedade de minha juventude, vou sair de chinelos na chuva, e colherei flores nos jardins alheios. E vou cuspir no chão. Vou poder usar blusas horríveis, vou poder engordar”.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Reino de Deus
O Reino de Deus não é simplesmente “outro mundo”, mas acima de tudo este mundo tornado outro, re-novado, o mundo velho tornado novo: "Eis que eu faço novas todas as coisas!" (Ap 21, 5) A oração do Reino não é “seja feita a Tua vontade no céu, no céu…” mas antes “seja feita a Tua vontade aqui na terra, como no céu”. Não é algo de puramente espiritual nem para depois, assim como não é uma imediatez de conforto nem se esgota na libertação deste ou daquele mal. É a totalidade desta Criação a entrar na ordem de Deus, o movimento de toda a Criação a entrar dentro da Vinda permanente de Deus, encontro profundamente dinâmico e transformador.
domingo, 23 de outubro de 2011
Amor a Deus e ao próximo - o essencial
“O amor ao próximo é a nossa estrada para encontrar a Deus! E o fechar os olhos diante do próximo torna-nos cegos também diante de Deus” (Bento XVI, DCE 16).
Por isso, estejamos bem atentos, porque o amor não é cego!
O amor dá-nos um coração que vê. «Este coração vê onde há necessidade de amor e age, de acordo com isso»
(Bento XVI, DCE 31).
Ora, a caridade dá muito que fazer!
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Poema da semana
O coração necessita de afinação, como os rádios.
Por vezes, em simultâneo, executamos duas canções,
e uma perturba a outra,
e não é bom para os ouvidos.
Mas qual o botão que afina o coração?
Não é assim tão fácil.
Gonçalo M. Tavares, 1 (2004)
Por vezes, em simultâneo, executamos duas canções,
e uma perturba a outra,
e não é bom para os ouvidos.
Mas qual o botão que afina o coração?
Não é assim tão fácil.
Gonçalo M. Tavares, 1 (2004)
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
A coragem de perder
Numa das suas crónicas, o jornalista José Luís Martín Descalzo, escreve "se alguém me perguntasse que página salvaria de todas as que escrevi: responderia sem vacilar que salvaria a coragem com que espero escrever a de amanhã, já que nenhuma das obras que fizemos vale a milésima parte da paixão que nelas depositámos, e que nos continuará a empurrar para viver." O segredo que guardam alguns dentro de si é a coragem, o amor, a vontade, o arrojo, a determinação que colocam em tudo o que fazem e vivem em cada dia. O segredo que guardam alguns é o de reconhecer antecipadamente que o dia de amanhã será o melhor dia da sua vida antes do dia seguinte. O segredo de alguns é que não ficam a olhar o passado com a nostalgia de quem perde, mas olham o futuro com a coragem sempre renovada de quem vive com paixão, com amor, com energia, com esperança. O segredo que guardam alguns é o não deixar a vida presa ao que se perde, porque sempre se perde, mas à vontade de continuar a perder, na certeza de que viver é isso mesmo, a coragem de perder.
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Oração
Oração
Para oferecimento da vela acesa
Senhor,
que esta vela que acendo
seja luz
para que Tu me ilumines
nas minhas dificuldades
e nas decisões que devo tomar;
seja fogo
para que Tu queimes em mim
todo o egoísmo, orgulho e impureza;
seja chama
para que Tu aqueças
o meu coração e me ensines.
Senhor,
deixando esta vela acesa
é a minha vida
que coloco nas tuas mãos;
faz que sejam para Tua glória
as minhas actividades deste dia.
Amen
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Ai de ti
Falas de civilização, e de não dever ser,
Ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as coisas humanas postas desta maneira,
Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
Dizes que se fossem como tu queres, seriam melhor.
Escuto sem te ouvir.
Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as coisas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer felicidade!
Alberto Caeiro
Ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as coisas humanas postas desta maneira,
Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
Dizes que se fossem como tu queres, seriam melhor.
Escuto sem te ouvir.
Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as coisas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer felicidade!
Alberto Caeiro
segunda-feira, 30 de maio de 2011
sábado, 30 de abril de 2011
Provas
"Os nossos olhos tentadores insistem em querer provas. "Se não vir não acreditarei". Ontem como hoje o dilema é o mesmo, ver para crer. Depois vemos e voltamos a ver e não vemos nada porque o que se pode ver é pouco para crer e não cremos. Ver para não crer, assim se devia dizer. À custa de tanto ver não cremos já em nada, porque aquilo que há para crer não se vê e o que se vê não é para crer. As provas que os nossos olhos querem, exigindo, de todas as formas e nunca estão satisfeitos, são aquelas que não se vêem, mas tentam-nos a querer, também exigindo, ver para crer. Não cremos porque não vemos. Para crer é necessário ver sim, mas de dentro. O olhar que se lança de dentro para fora não vai dirigido ao exterior das coisas, da vida e do mundo. O olhar que lançamos de dentro de nós atinge toda a realidade no seu interior, no mais profundo, no para lá do que os olhos podem ver e, aí sim, crê. Crê no que vê sem ver e não vendo ainda, crê, porque sem ver sabe que não se engana. É esta a experiência da fé que nos faz ver para lá das ligaduras, do túmulo vazio, do corpo desaparecido. Ver para lá de todo o estímulo material e visível da realidade. Para este crer não fazem falta provas."
Manecas
Manecas
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Travessia
Os nossos dedos são cândidos
com brilhos impressos
e um tempo absorvido dos dois lados
Nos sinos, nos guizos, nas harpas
procuramos sem nenhuma restrição
o fogo e o gelo
a iluminação de um ramo dourado
Há um instante em que as nossas vozes
se fundem e destacam
reluzentes sobre a vida perpétua
Atravessamos a noite com uma vontade irreprimível de cantar
[José Tolentino Mendonça]
domingo, 24 de abril de 2011
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Caminho da Cruz
Porque a morte tem o seu tempo
A ruína soma ruína, à cabeça
Equilibra a existência desmoronada e inteira.
Tu és o que edifica
Tu constróis mil vezes.
Porque o raio tem o seu tempo.
És o clarão, a lâmpada, a estrela
Somas luz à luz.
Não és a luz, és mais que a luz
Porque a noite tem o seu tempo.
Daniel Faria
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Tocaste à minha porta
Quero ter parte contigo que me lavas o pés e me sentas à tua mesa. Quero ter parte contigo que caminhas a meu lado com a tua cruz de amor. Quero ter parte contigo na dor de cada passo. Quero ter parte contigo nas lágrima de sangue derramado em cada olhar. Quero ter parte contigo na vida dada de cada instante. Quero ter parte contigo no pão partido de cada entrega. Quero ter parte contigo...
sábado, 26 de fevereiro de 2011
sábado, 12 de fevereiro de 2011
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Linhas cruzadas
"Gosto quando as linhas se cruzam umas nas outras e parece que não permitem passagem para mais lado nenhum. Aquelas imensas linhas de caminho de ferro cruzando-se uma nas outras sem percebermos para onde segue cada uma delas, mas deixando sair na direcção certa cada uma das composições, sem "nunca" se chocarem umas com as outras. O que aparentemente não tem saída, não tem escolha, não tem hipótese, sabe a fim e mostra impossibilidade, de repente, abre-se como uma novidade em milhares de novas possibilidades. Gosto quando todos dizem que não podemos fazer nada. Gosto quando todos dizem que chegámos ao fim. Gosto quando todos dizem que acabou. Gosto de desafiar este fim, no silêncio de um sorriso, confesso que muitas vezes maroto, um sorriso maroto, como que a querer dizer, sim, tendes razão, é o fim, nem eu sei o que pode estar para lá disto. Até eu creio que sim é o fim. Mas, no fundo, não creio. No fundo, sem saber, sei, como quem não sabe nada, é verdade, mas sei que não, não é o fim, não há impossibilidade, não há impedimento. Tudo está em aberto ali mesmo, onde tudo parece ter acabado. Gosto disto." Manecas
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Dá-lhe corda
"Não deixes que as palavras te diminuam nem que os gestos te empobreçam. Vigia sobre os teus pensamentos para que as nuvens não escureçam o teu caminho e a chuva pesada de Inverno não te arrefeça o ânimo. Não te eleves demasiado porque a passagem é baixa e podes perder as ideias mais generosas que acalentas dentro de ti. Levanta os pés para que as pedras não te façam tropeçar e caído não queiras levantar-te. Espera um pouco por quem vem mais atrás e terás companhia para o andar e alívio no cansaço. Abre o olhos e eleva o horizonte para que te alegres antes de chegar, ao ver a luz do novo sol que se levanta já para ti. Abre o coração e dá-lhe corda para que ame cada vez mais na intensidade da certeza que esperas e não deixes que ele se perca na velocidade da vida que acompanhas." Manecas
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Só...
Só as mãos que se estendem para a frente interessam.
Só os olhos que vêem para além do que se vê,
só o que vai para o que vem depois,
só o sacrifício por uma realidade que ainda não existe,
só o amor por qualquer coisa que ainda não se vê e ainda,
nem nunca, será nossa
interessa.
Só os olhos que vêem para além do que se vê,
só o que vai para o que vem depois,
só o sacrifício por uma realidade que ainda não existe,
só o amor por qualquer coisa que ainda não se vê e ainda,
nem nunca, será nossa
interessa.
Mário Dionísio
Lisboa, 1916-1995
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Subscrever:
Mensagens (Atom)